O QUE POSSO FAZER PELA MINHA SAÚDE MENTAL?
Autores:
Carla Regina Silva Araújo - Acadêmica do 4º ano de Medicina - UnB
Dr. Thales Weber Garcia, MD, MSc
Professor Coordenador da Disciplina de Psiquiatria
Profa. Dra. Maria das Graças de Oliveira, MD, MSc, Ph.D
Dra. Simone Lespinasse Araújo, MD
Dr. Thales Weber Garcia, MD, MSc
Professor Coordenador da Disciplina de Psiquiatria
Profa. Dra. Maria das Graças de Oliveira, MD, MSc, Ph.D
Dra. Simone Lespinasse Araújo, MD
Sim, eu posso!
Viver com qualidade de vida é o sonho de todas as pessoas. O problema é que muitos se concentram apenas nos fatores geradores de estresse - desemprego, violência, crise social, trânsito congestionado e etc - e acabam se esquecendo dos recursos internos necessários para lidar com as atribulações. Hábitos ruins de vida podem ser desencadeantes ou agravantes de doenças psíquicas. O ideal é prevenir com mudanças comportamentais que promovam a saúde mental. Esta é mais do que ausência de doença.
É um estado de bem-estar no qual o indivíduo percebe suas próprias habilidades para lidar com as adversidades normais da vida. Existem medidas simples e úteis para essa finalidade, que incluem o combate ao estresse, mudanças de atitudes e hábitos, além de assumir uma postura mais otimista perante as adversidades.
Exercícios físicos
A prática de exercícios físicos é uma boa forma de prevenir e combater a depressão e outros distúrbios psíquicos. O exercício físico constante e moderado tem efeitos benéficos na saúde geral, além de reduzir a ansiedade, melhorar a cognição, a auto-estima e diminuir o estresse.
A atividade física libera no cérebro substâncias chamadas endorfinas que proporcionam uma sensação de bem-estar físico e mental. O exercício físico é também eficaz por ajudar a pessoa a se afastar temporariamente dos problemas e da tensão.
Deve-se começar lentamente. Um programa de exercício muito rígido pode deixar a pessoa ainda mais estressada.
Lazer, relaxamenteo e meditação
O lazer, o relaxamento e a meditação promovem bem-estar mental, além de diminuírem o impacto emocional do estresse e a ansiedade dele decorrente.
As técnicas meditativas podem ter como meio de concentração o ritmo respiratório, sons, objetos, movimentos, visualização de imagens. Qualquer que seja a técnica utilizada, busca-se atingir o estado meditativo.
Durante este processo, as ondas cerebrais responsáveis pelo relaxamento aumentam, enquanto as ondas relacionadas ao estado de vigília ou atividade normal aparecem em menor quantidade. Dessa forma, o organismo todo desacelera: diminuem a frequência cardíaca, a pressão arterial e o ritmo respiratório. Além destes efeitos físicos, o lado emocional também é afetado de forma benéfica. Entre as sensações descritas por meditadores estão o relaxamento mental, a paz interior, a felicidade, a satisfação, a harmonia e a menor tendência de perder o controle diante de situações adversas.
Espiritualidade
A grande maioria das pesquisas em populações saudáveis sugere que as crenças e práticas religiosas estão associadas a níveis maiores de bem-estar, melhor saúde mental e um enfrentamento mais eficaz de situações adversas. Entre paciente psiquiátricos, esses achados assumem ainda maior importância, já que estes lidam com um enorme estresse ambiental e psicossocial em razão de seus transtornos, necessitando de estratégias eficazes de enfrentamento. As práticas espirituais, especialmente quando vivenciadas em grupo, podem ser favoráveis a uma evolução mais benigna da doença mental, vez que propiciam experiências de acolhimento e apoio social.
Higiene do Sono
Existem comprovadamente uma relação estreita entre distúrbios do sono e os mais diversos quadros psiquiátricos. Esta relação deve ser levada em conta, pois ensinamentos básicos sobre higiene do sono podem reduzir a quantidade de medicação administrada, melhorando a sintomatologia e a qualidade de vida dos pacientes. Algumas medidas gerais que ajudam a resolver os problemas do sono são:
- Praticar regularmente exercício físico durante o dia;
- Criar alguma rotina nos hábitos de sono, adotando um horário regular para ir dormir e para acordar no dia seguinte (incluindo fins de semana);
- Evitar a ingestão de substâncias excitantes com álcool, cafeína (presente no café, chá, alguns medicamentos, refrigerantes, chocolate, etc) e nicotina ao longo do dia e, particularmente, nas últimas horas antes de ir para a cama;
- Evitar refeições pesadas e ricas em gordura no período da noite, pois são mais difíceis de digerir e perturbam o sono;
- Criar um ambiente calmo e propício ao repouso no quarto de dormir, com pouca luz, sem ruído e com uma temperatura amena;
- Procurar ir para a cama apenas quando sentir sono; se demorar mais de vinte minutos a adormecer, deve-se levantar e realizar qualquer tarefa relaxante até sentir sono e voltar para a cama. Mesmo que adormeça tarde procure levantar-se à mesma hora, no dia seguinte, para não alterar os seus hábitos de sono.